terça-feira, 25 de outubro de 2011

Outra homenagem a esta bela praia Carioca - Copacabana


Copacabana


VINÍCIUS DE MORAES

Esta é Copacabana, ampla laguna
Curva e horizonte, arco de amor vibrando
Suas flechas de luz contra o infinito.
Aqui meus olhos desnudaram estrelas
Aqui meus braços discursaram à lua
Desabrochavam feras dos meus passos
Nas florestas de dor que percorriam.
Copacabana, praia de memórias!
Quantos êxtases, quantas madrugadas
Em teu colo marítimo!
– Esta é a areia
Que eu tanto enlameei com minhas lágrimas
– Aquele é o bar maldito. Podes ver
Naquele escuro ali? É um obelisco
De treva – cone erguido pela noite
Para marcar por toda a eternidade
O lugar onde o poeta foi perjuro.
Ali tombei, ali beijei-te ansiado
Como se a vida fosse terminar
Naquele louco embate. Ali cantei
À lua branca, cheio de bebida
Ali menti, ali me ciliciei
Para gozo da aurora pervertida.
Sobre o banco de pedra que ali tens
Nasceu uma canção. Ali fui mártir
Fui réprobo, fui bárbaro, fui santo
Aqui encontrarás minhas pegadas
E pedaços de mim por cada canto.
Numa gota de sangue numa pedra
Ali estou eu. Num grito de socorro
Entreouvido na noite, ali estou eu.
No eco longínquo e áspero do morro
Ali estou eu. Vês tu essa estrutura
De apartamento como uma colmeia
Gigantesca? em muitos penetrei
Tendo a guiar-me apenas o perfume
De um sexo de mulher a palpitar
Como uma flor carnívora na treva.
Copacabana! ah, cidadela forte
Desta minha paixão! a velha lua
Ficava de seu nicho me assistindo
Beber, e eu muita vez a vi luzindo
No meu copo de uísque, branca e pura
A destilar tristeza e poesia.
Copacabana! réstia de edifícios
Cujos nomes dão nome ao sentimento!
Foi no Leme que vi nascer o vento
Certa manhã, na praia. Uma mulher
Toda de negro no horizonte extremo
Entre muitos fantasmas me esperava:
A moça dos antúrios, deslembrada
A senhora dos círios, cuja alcova
O piscar do farol iluminava
Como a marcar o pulso da paixão
Morrendo intermitentemente. E ainda
Existe em algum lugar um gesto alto,
Um brilhar de punhal, um riso acústico
Que não morreu. Ou certa porta aberta
Para a infelicidade: inesquecível
Frincha de luz a separar-me apenas
Do irremediável. Ou o abismo aberto
Embaixo, elástico, e o meu ser disperso
No espaço em torno, e o vento me chamando
Me convidando a voar... (Ah, muitas mortes
Morri entre essas máquinas erguidas
Contra o Tempo!) Ou também o desespero
De andar como um metrônomo para cá
E para lá, marcando o passo do impossível
À espera do segredo, do milagre
Da poesia.
Tu, Copacabana,
Mais que nenhuma outra foste a arena
Onde o poeta lutou contra o invisível
E onde encontrou enfim sua poesia
Talvez pequena, mas suficiente
Para justificar uma existência
Que sem ela seria incompreensível.
Los Angeles, 1948
Fonte: www.4shared.com

Copacabana - Rio de Janeiro/RJ



Você sabe que lugar é este? Ouça a música e descubra.




Au revoir!

domingo, 23 de outubro de 2011

Champanharia Ovelha Negra - Porto Alegre/RS




Se você, assim como eu AMA espumante, tem que conhecer esse lugar: a Champanharia Ovelha Negra, na esquina das ruas Bento Martins com Duque de Caxias, no centro de Porto Alegre. Situada num casarão antigo, abre diariamente às 18h, encerrando suas atividades às 24h. Em ponto.

A carta é refinada e os petiscos, deliciosos. Um belo local para o seu happy hour.




sábado, 22 de outubro de 2011

São Lourenço do Sul/RS




Este é o meu primeiro post sobre esta cidade que tanto amo. São Lourenço do Sul, a Pérola da Lagoa dos Patos, é um pequeno e belo recanto do nosso litoral sul, que merece ficar intocado por muitos anos.

Deixo as fotos de um final de tarde que convida a chimarrear na praia.





Que tal? Gostaste? Então, vai conhecer, porque você não vai se arrepender. Em março o melhor momento do ano: ocorre, na beira da Lagoa, o Reponte da Canção, o melhor dos festivais do RS.



Corrientes, 348



A media luz

Edgardo Donato




Corrientes tres cuatro ocho,
segundo piso, ascensor;
no hay porteros ni vecinos
adentro, cocktel y amor.
Pisito que puso Maple,
piano, estera y velador...
un telefon que contesta,
una fonola que llora
viejos tangos de mi flor,
y un gato de porcelana
pa que no maulle al amor.
Y todo a media luz,
que es un brujo el amor,
a media luz los besos,
a media luz los dos...
Y todo a media luz,
crepusculo interior,
que suave terciopelo
la media luz de amor.
Juncal doce veinticuatro,
telefonea sin temor;
de tarde, te con masitas,
de noche, tango y amor;
los domingos, te danzante,
los lunes, desolacion.
Hay de todo en la casita:
almohadones y divanes
como en botica... coco,
alfombras que no hacen ruido
y mesa puesta al amor...

* Conta-se que este tango foi composto em 1925, durante uma festa da família Wilson, em Montevideo.

Terra dos Marechais - São Gabriel/RS




A história da cidade remonta aos idos de 1750, com o surgimento das primeiras estâncias jesuíticas, dos Sete Povos das Missões, de São Luis, São João e São Lourenço. Pelo Tratado de Madri, assinado naquele ano, o que constituía o território do atual município passou a pertencer a Portugal, pois até então era Espanha, servindo o rio Santa Maria de divisa. Mas as disputas internas entre castelhanos, portugueses e índios só permitiram a demarcação do território partir de 1784.




Em 2 de novembro de 1800 o naturalista espanhol Félix de Azara viria a fundar, junto ao Cerro do Batovi, uma povoação, com o nome de São Gabriel, supõe-se uma homenagem ao vice-rei do prata, Gabriel de Avilez y del Fierro. A guarda castelhana de 90 homens, teve de logo retirar-se, pois estava contra esta o coronel Patricio José Correia Câmara, que mandou uma tropa e tomaram o local.



Em 1809, São Gabriel pertencia a Rio Pardo com o nome de distrito do Vacacaí. Uma provisão de 28 de dezembro de 1815 estabelecia capela curada, e em 1826, chegava o 1° padre na cidade, João de Almeida Pereira.



O acordo sobre os limites da fronteira, assinado em 1819, em Montevidéu, incorporava São Gabriel ao Brasil de caráter definitivo (nessa época fazendo parte do município de Cachoeira do Sul).

Prédio sendo restaurado em frente à Praça Central. Aqui, Dom Pedro II  se hospedou.


Em 1840, durante a Revolução Farroupilha, foi escolhida como sede do governo da República Riograndense.



No dia 4 de abril de 1846, a então povoação de São Gabriel recebeu a visita do imperador Dom Pedro II, sendo elevada a categoria de vila e instalada a câmara de vereadores no município, sendo esta data considerada de emancipação e atual feriado municipal.




Em 15 de dezembro de 1859, foi elevada a condição de cidade, durante a presidência do conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão.


Igreja da Nossa Senhora do Rosário de Bom Fim


O território do atual município de São Gabriel foi marcado ao longo da história por diversos combates e batalhas que estão na história, não só do município, mas também na História do Brasil.




Batalha do Caiboaté


Em 10 de fevereiro de 1756, no território onde hoje encontra-se o município de São Gabriel, ocorreu a Batalha de Caiboaté. Durante essa batalha entre índios guaranis dos Sete Povos contra as forças luso-espanholas, tombou em combate, nas cercanias da Sanga da Bica, no que hoje é o centro da cidade de São Gabriel, Sepé Tiarajú, grande líder indígena e, considerado por muitos, nos dias de hoje, santo popular. No local onde ele tombou, dentro da cidade, foi erguido um monumento, uma cruz de Lorena de madeira, a cruz dupla, que sempre foi o simbolo dos padres Jesuítas das missões. Com a morte de Sepé Tiarajú, aproxima-se o fim dos conflitos entre os indígenas dos Sete Povos das Missões e as forças de Espanha e Portugal, confronto este, denominado Guerra Guaranítica.

No local onde se travou o combate, a cerca de 20km ao norte da atual sede municipal, foi erguido um monumento em memória dos que ali tombaram.






Batalha do Cerro do Ouro


O combate ocorreu às margens do Arroio do Salso, no Distrito de Cerro do Ouro, em agosto de 1893, durante a Revolução liderada por Gaspar Silveira Martins e Gumercindo Saraiva contra o governo de Júlio de Castilhos, chamada de Revolução Federalista. Sendo uma das batalhas mais sangrentas do conflito, com mais de 200 mortos. Perto do local, numa coxilha próxima existe um monumento em homenagem aos que ali morreram.


Prefeitura Municipal






SÃO GABRIEL historicamente é ligada as armas, TERRA DOS MARECHAIS, como é chamada, já que aqui nasceram os Marechais João Propício Menna Barreto, Fábio Patrício de Azambuja, o Presidente da República Hermes da Fonseca e Mascarenhas de Moraes, o comandante da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, durante as batalhas na Itália. Outros militares gabrielenses fizeram parte da história nacional, como o Coronel José Plácido de Castro, o desbravador que conquistou o Acre.

A vocação militar conviveu pacificamente com a Poesia e outras artes, projetando para o Brasil o gabrielense Alcides Maia, o primeiro Gaúcho admitido na Academia Brasileira de Letras e o Padre Leonel Franca, teólogo fundador da PUC do Rio de Janeiro.

A história política do Município conta com personagens como o Castilhista Fernando Abbott, Presidente do Estado e o Embaixador Francisco de Assis Brasil, fundador e líder do Partido Libertador.

Teatro, cuja restauração está por começar

O que mais me encantou nessa cidade?  A consciência que as pessoas tem de preservar a sua história, a sua arquitetura. A grande maioria dos prédios antigos estão com a fachada preservada. Outros, estão em fase de restauração. Além disso, a hospitalidade com que nos receberam lá. E, claro, a ótima organização da 18ª Estância da Canção Crioula, o festival local que, pela primeira vez, tive a oportunidade de participar. Meu retorno está agendado para 2012, por ocasião deste maravilhoso evento.


* Post especial para a minha amiga e colega Lisiane Veríssimo.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Museu do Louvre - Paris




Entrada principal

Conhecer o Museu do Louvre era um sonho muito, mas muito antigo, tanto quanto conhecer Paris. Só que é impossível conhecê-lo por inteiro numa única visita. É enorme. Talvez com uma semana ou duas você consiga desbravá-lo por inteiro. Eu não dispunha desse tempo todo. Teria, no máximo, 5 horas para andar em seu interior e desfrutar tão-somente de algumas obras.

Então, selecionei cuidadosamente as peças que eu queria ver. E entre uma e outra meus olhos cairiam sobre todo o resto que por ali, à mostra, estivesse. E assim foi.

Mas fiquei com aquela doce vontade de quero mais. Principalmente na ala das pinturas italianas. Sim, eu vi a Monalisa. E só ela. Não pude apreciar as demais. Não dava tempo. O Museu estava por fechar.

Segue uma pequena mostra do que vi. Ah, não preciso dizer que me encantei com a sala das esculturas greco-romanas, né?

Louvre Medieval

A pirâmide invertida